1. |
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filme pequeno, praça dois
cães imensos de prata e latão
nó de lã, você aqui
da cortina miúda pro céu
eu cansei de esperar deus em fitas
leite e mel, vudu e anis
artefatos das mães nos tarôs
ser, no fim, além de mim
a pequena tragédia do horror
eu cansei de esperar deus em fitas
nesse espelho apagado
nós nos veremos melhor
nesse espelho apagado
nós nos veremos melhor
eu cansei, eu cansei
(não posso esperar)
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2. |
Manifesto
02:19
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manifesto combalido aos trancos
fim de corpo — microcefalia & lapso
falham as luzes no avesso do sol
e na vida, deuses suburbanos
brincam de bilhar entre calhas e rateios
manifesto resoluto de aço, de barro
amores no tanque: pneu, gasolina
o osso mais sacro que não vale nada
o osso pequeno: coberto de graxa
um último grito entre os cabos e as igrejas
a mesma espera na mesma mesa.
manifesto definido e raso
duvido. cães pulando no caos.
desalojados cavam nos blecautes.
a risco de contrariar, a risco de não se conter:
grite grite grite grite. me avisa do erro de ser
aquilo que queremos
eu já não tenho mais tempo.
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3. |
Lama e Cal
02:31
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não há osso
nem largo
nem conta
ou espuma
o corpo não dura: não passa de um risco no chão
o corpo não dura: não passa de um risco no chão
a lã do teu susto, no oco do oco do oco
acalma os mistérios às custas dos meus
futuros amantes virão cobertos de lama e de cal
e vão nos destruir e vão nos converter
e vão nos procurar em línguas que não podem ler.
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4. |
Taipei 1996
01:28
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em taipei
dezembro 96
no meio do mato
nos braços dos seus irmãos
em jasú
a nódoa no meio da mão
e os pássaros retos
num chão de garimpo
guaporé
aqui se fazem quadris
socos e mãos hostis
no seco dos dias
navidád
bastis externos: pó
e folhas aos largos
nos pés de manú
rotterdam
babies num multicor
flores em parasol
num céu de melaço
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5. |
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o som dos seus ossos trincando
o som dos seus ossos trincando
o som dos seus ossos trincando
o som dos seus ossos trincando
me lembra o dia que eu quebrei bonecas
debaixo da pitangueira
eu já sabia o seu nome
antes do meu
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6. |
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a cópia mais perfeita
imóvel luz de mim
descansa na sua pele
ausente de um lugar
os sons da nossa infância
são máquinas do fim
quase sempre perto
e longe de chegar
somos os melhores
e o nada é aqui:
do alto do absurdo
ao aço do araçá
do medo mais covarde
ao sonho mais feliz
eu nunca estive perto
eu sempre estive ali
e deus vai costurar os meus pés e as minhas mãos
depois que o chão passar, depois que o chão passar de mim
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